Sobram projetos para acabar com benefícios como
auxílio-moradia, carro oficial e foro privilegiado, entre outros. Mas eles
ainda estão à espera da votação dos parlamentares
Auxílio-moradia, auxílio-saúde, carro oficial com motorista,
uso de aviões da Força Área Brasileira (FAB), foro privilegiado... É grande a
lista de regalias bancadas com dinheiro público para autoridades e membros do
Executivo, Legislativo e Judiciário. E parte desses benefícios já poderia estar
extinta – ou pelo menos o pagamento com limitações e realizado de forma mais
transparente – caso projetos em tramitação na Câmara dos Deputados e Senado já
tivessem sido aprovados pelos parlamentares.
A bola da vez é o auxílio-moradia, aquela verba de R$
4.377,73 paga mensalmente a deputados estaduais e federais, senadores,
magistrados, procuradores e promotores de Justiça em todo o país. A verba é
depositada em conta sem qualquer desconto de Imposto de Renda ou Previdência
Social e independentemente de o beneficiário ter casa própria. A única exceção
ao pagamento é se houver imóvel funcional à disposição do servidor ou ele morar
com alguém que já receba o auxílio.
O gasto para morar está na pauta do plenário do Supremo
Tribunal Federal (STF) para julgamento ainda este mês. Estará em discussão
pelos ministros uma liminar concedida por Luiz Fux em 2014, que estendeu o
auxílio-moradia a todos os magistrados do país. Enquanto o Judiciário não
resolve se a verba é legal ou não, uma consulta popular no site do Senado sobre
o fim da regalia já havia recebido, na sexta-feira, a adesão de 1.092.974
pessoas. Apenas 5.685 disseram ser favoráveis ao gasto com dinheiro público.
A adesão foi tão grande que o senador Randolfe Rodrigues
(Rede-AP) transformou a ideia na PEC 41/2017, que proíbe o pagamento do
benefício, como forma de atender a um “anseio da sociedade”. O senador já
reconheceu, em entrevistas à imprensa, que a proposta enfrenta resistência e
terá dificuldade para ser aprovada. E não foi só o auxílio-moradia, mas também
várias outras verbas indenizatórias pagas na administração pública estiveram na
mira da comissão especial que analisa os altos salários no poder público.
Na Câmara dos Deputados os parlamentares discutem o PL
6.726/16, que redefine o que deve ou não ser submetido ao teto remuneratório de
R$ 33,7 mil, o correspondente aos salários dos ministros do STF. O texto tem
origem na proposta 449/16, da Comissão Especial do Extrateto, que debateu no
Senado o fim dos “supersalários”. Se não sofrer modificações na Câmara, ficarão
submetidos ao teto, dentre outros benefícios, abonos, prêmios, adicionais e
gratificações, horas-extras, auxílio-moradia e verbas de representação.
Transporte
O uso de transporte oficial também está na mira do Congresso
Nacional. Um dos projetos em tramitação diz respeito às aeronaves da Força
Aérea, criando regras mais duras para os voos de autoridades – e a discussão é
antiga. Há nove anos, o deputado Chico Alencar (Psol-RJ) apresentou uma
proposta prevendo transparência nos voos da FAB e na prestação de contas de
passagens áreas compradas pelo poder público.
O texto foi para a gaveta e, em 2013, nova proposta foi
protocolada por Chico Alencar. O assunto estava em voga na ocasião, em meio à
divulgação do uso de jatinho pelo então presidente da Câmara, Henrique Eduardo
Alves (MDB-RN), e seis acompanhantes, para viagem até o Rio de Janeiro para
assistir a jogo da Seleção Brasileira de futebol. Ainda assim, no ano seguinte,
o texto foi arquivado.
Mas, em 2015, o senador Lasier Martins (PSD-RS) apresentou
um projeto permitindo o uso de voos da FAB exclusivamente a serviço. Ou seja,
chefes do poderes estariam proibidos de usar aeronaves oficiais para voltar
para casa – direito atualmente em vigor para os presidentes da Câmara, Senado e
STF. Atualmente o texto está na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
O gasto com carros oficiais é tema de projeto de lei que
tramita na Câmara dos Deputados. A proposta restringe o uso de veículos oficiais
apenas aos presidentes da República e vice, do Senado, da Câmara e do STF, aos
ministros de Estado, aos comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica e
ao chefe das Forças Armadas. Relator do texto, o deputado Benjamim Maranhão
(SD-PB) defendeu a aprovação sob o argumento de que a União “tem ampliado
excessivamente o uso dos automóveis oficiais e admitido essa benesse até para
chefes de gabinete, ocupantes de cargos de natureza especial e dirigentes de
órgãos e entidades públicas”.
Foro privilegiado
O direito a foro por prerrogativa de função para responder a
ações judiciais – o chamado foro privilegiado – está em discussão na Justiça e
no Senado. A expectativa é que em breve o STF retome o julgamento de ação que
trata do assunto. Oito ministros já votaram a favor de deixar no STF apenas as
investigações de crimes cometidos no exercício do cargo e relacionados à
função. Em paralelo, o Congresso discute uma emenda constitucional que mantém o
foro apenas para os presidentes dos Três Poderes. A PEC 333/17 foi aprovada no
Senado e agora tramita na Câmara dos Deputados.
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