Homem se apresentava como bacharel em administração e pedia cartão do banco e senha para idosos e aposentados. Escritório, no Centro do Recife, foi fechado nesta quinta (4).
Procon de Pernambuco fechou o escritório usado pelo homem que foi prso por estelionato, no Recife — Foto: Procon-PE/Divulgação

Procon de Pernambuco fechou o escritório usado pelo homem que foi prso por estelionato, no Recife — Foto: Procon-PE/Divulgação

Um homem que se identificou como bacharel em administração foi preso em flagrante no Recife, nesta quinta-feira (4), por dar golpes em idosos e aposentados. Segundo o Procon de Pernambuco, ele prometia ajuda para endividados e vantagens em empréstimos. (Veja vídeo acima)

André Luiz Alves de Amorim foi autuado pela polícia por estelionato e crime contra o consumidor e enquadrado por exercício ilegal da profissão de corretor de empréstimos. Também nesta quinta, o Procon fechou o escritório usado por André. Ele fica na Rua Matias de Albuquerque, no Centro do Recife.

O local foi interditado por oferecer serviços de negociações financeiras de forma ilegal. Os fiscais encontraram papéis usados para oferecer empréstimos, anotações das datas de pagamentos e dados bancários de várias pessoas.

De acordo com o Procon, o homem preso costumava prometer juros menores para quem pretendia contrair empréstimos em financeiras ou revisão para quem já tinha feito o contrato. Para executar o serviço, pedia cartão de banco e senha aos clientes.
O delegado Fauzer Palitot informou que o homem prestou depoimento e vai ser levado para a audiência de custódia, na sexta-feira (5), no Fórum do Recife. Quatro pessoas também estiveram na delegacia nesta quinta e informaram ter sido lesadas.


"Ele disse que era habilitado para atuar em negociações de empréstimos, mas para executar esse serviço agia de forma duvidosa. Ele não conseguiu comprovar que poderia atuar no mercado financeiro. A princípio, acredito que o escritório é clandestino", afirmou o policial.


Ainda segundo o delegado, o homem cobrava pelos serviços, mas nem sempre executava o trabalho prometido ou fazia de forma indevida. "As pessoas ficavam ainda mais endividadas para poder pagar a ele e muitas vezes tinham que pegar outro empréstimo", comentou.
Queixas
O caso foi descoberto a partir de uma denúncia feita por um idoso que procurou o Procon. Segundo a chefe de fiscalização do órgão, Danyelle Sena, o idoso disse que esteve em uma financeira para pegar empréstimo. No local, foi abordado por uma pessoa que oferecia juros menores, mas que era preciso ir ao escritório desse homem que foi preso.

“O homem pediu a senha e o cartão do banco. O idoso entregou o cartão, mas como achou estranho, disse que levaria a senha depois. Hoje [quinta-feira], ele procurou o Procon. Fomos até o local onde o homem tem um escritório clandestino e encontramos mais cinco pessoas que se sentiram lesadas”, afirmou.


Segundo o Procon, o homem agia de várias maneiras. "De uma mulher, pegou o cartão e a senha do banco e retirou quase toda a aposentadoria, de R$ 985, deixando apenas R$ 18”, contou Danyelle.

Em outros casos, o homem mandava funcionários do escritório acompanhando as vítimas até o banco para fazer o saque. “Tem um caso de um casal que ficou sem o dinheiro e entregou o cartão e a senha do banco do filho, aposentado por invalidez”, disse a gerente do Procon.


Para atrair clientes, segundo o Procon, André usa quatro pessoas, que se identificam como funcionários do escritório. “Eles iam até financeiras e correspondentes bancários para oferecer os serviços do estelionatário”, comentou Denyelle Sena.
Ivanildo Batista, de 55 anos, foi vítima do estelionatário, no Recife — Foto: Reprodução/TV Globo

Ivanildo Batista, de 55 anos, foi vítima do estelionatário, no Recife — Foto: Reprodução/TV Globo

Vítima
O eletricista aposentado Ivanildo Batista, de 55 anos, foi abordado por um dos funcionários do escritório mantido pelo estelionatário. Ele pretendia contrair um empréstimo de R$ 1 mil, mas foi convencido por André a pegar R$ 5 mil em uma financeira.

“Ele disse que eu pagaria em 12 parcelas e que seria melhor para mim. Para isso, eu pegaria os R$ 5 mil e daria R$ 1.850 para ele. Foi o que fiz”, afirmou o aposentado, que tem uma perna amputada por causa de um acidente.


O aposentado contou também que André garantiu que anularia essas parcelas já estabelecidas pela financeira. Em troca, Ivanildo deveria entregar direto a ele 36 parcelas de R$ 169.

Depois de fazer essa negociação, Ivanildo afirmou que perguntou ao estelionatário se teria problema para receber a aposentadoria e André disse que ele deveria confiar.

"Na data do pagamento do meu salário, a conta estava zerada. No banco me falaram que eu precisava fazer comprovação de vida. Também procurei por ele e sempre diziam que não era possível conversar para tirar as dúvidas", afirmou.

Nesta quinta, Ivanildo disse que foi até o escritório de André para fazer uma proposta e conseguir resolver o problema financeiro. “Aí, descobri que outras pessoas estavam na mesma situação. Estou sem dinheiro no banco e tenho que pagar o empréstimo em parcelas de R$ 1.111”, declarou.
g1.globo.com/pe/pernambuco